O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nem mesmo os adolescentes estão livres dessas doenças. Segundo estudo, um em cada sete deles sofre de alguma doença mental, principalmente ansiedade e depressão.
Publicada em outubro no Journal of Adolescent Health (Jornal de Saúde do Adolescente), a pesquisa foi conduzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Além desses transtornos, o artigo também aponta altas taxas de abuso de álcool e drogas, distúrbios alimentares, problemas de comportamento e ideação suicida.
Cerca de um terço dos jovens apresenta essas doenças antes dos 14 anos, e metade a manifesta por volta dos 18 anos.
Para o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein, os adolescentes da geração atual enfrentam desafios e situações estressantes diferentes ou em maior intensidade que gerações passadas.
Os principais fatores que podem contribuir para isso, segundo Kanomata, são aumento da solidão (potencializado ainda mais com a pandemia da covid), relacionamentos interpessoais mais distantes e superficiais (devido ao uso da internet, mídias sociais e mudanças da dinâmica do convívio social na sociedade), aumento de cobrança por alto desempenho acadêmico e acesso a informações em um volume e velocidade bem acima das demais gerações.
Para a médica Nathália Gonring Sandoval, a piora da saúde mental entre crianças e adolescentes é multicausal, mas o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, sobretudo em redes sociais, tem uma forte influência no adoecimento.
Os pais devem estar atentos a sinais que possam sugerir a presença de transtornos mentais.
É muito comum a ocorrência de alterações de comportamento como isolamento social, irritabilidade, agressividade, choro, crises de ansiedade, falta de vontade e de energia, alteração de apetite e uso de álcool, cigarro e drogas.
Os transtornos mentais podem cursar com sintomas cognitivos, que podem ser observados em uma queda do desempenho acadêmico, dificuldade de concentração, problemas de memória e raciocínio lento.
Além disso, podem se manifestar sintomas físicos, como dores de cabeça frequentes, dores no corpo, cansaço e sensação de fadiga.
A prevenção de doenças mentais nesta faixa etária pode ocorrer por meio de vínculos fortes e saudáveis com pais e amigos, incentivo ao diálogo de forma transparente, segura e sem julgamentos, além de maior tempo em família.
Também é importante que sejam desenvolvidas habilidades socioemocionais e capacidade de resolver problemas e conflitos de forma flexível e não violenta. Além disso, é fundamental monitorar os principais ambientes de convívio desses adolescentes.
Fonte: Agência Einstein
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